domingo, 10 de janeiro de 2016

Os 10 Melhores Filmes de 2015


A seguir, os melhores filmes inéditos, lançados comercialmente no Brasil em 2015. Portanto, estão no páreo estreias nos cinemas, em home-vídeo, em serviços de streaming e video on demand etc. Estão de fora os filmes lançados apenas em festivais. 
Agradeço a companhia dos leitores neste 2015 um tanto irregular quanto à regularidade das publicações, embora espere que não a respeito da qualidade destas, e desejo um 2016 de grandes realizações e, claro, grandes filmes. 
10. Blind
Esta produção sueca desafia a percepção do espectador, mais habituado a narrativas mastigadas, e confere maleabilidade à linguagem cinematográfica ao brincar com a condição da protagonista Ingrid, que é cega e tem distúrbio associativo, a partir da maneira criativa que ela própria encontra para retardar a evolução da doença e vencer sua repressão sexual.
9. A Terra e a Sombra
Dentro do microuniverso acinzentado e sujo dos boias-frias colombianos, esta narrativa, elogiadíssima na última Mostra de São Paulo dispensa frivolidades e ostentações narrativas em prol da contemplação e do minimalista retrato da dor e da angústia que perpassa todos os personagens.
8. Sicario – Terra de Ninguém
Com sua competência habitual, Denis Villeneuve (‘Os Suspeitos’, ‘O Homem Duplicado’) imerge o espectador nos brutais conflitos entre os cartéis de drogas e a CIA, assim como faz com a forte protagonista interpretada por Emily Blunt, nossos olhos e nosso coração durante toda esta desgastante, mas excepcional narrativa. E olha, que fotografia genial a de Roger Deakins.
7. Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Vencedor do Oscar de Melhor Diretor e de Melhor Filme deste ano, este é um daqueles trabalhos que enchem de orgulho o cinéfilo: grandes atuações, direção, montagem e fotografias sensacionais que conferem à narrativa a aparência de ser um grande plano sequência, sem cortes, e uma trilha sonora inquietante em sintonia com o ânimo de um protagonista ofegante e cansado (da arte, da indústria, da vida).
6. Mia Madre
Jamais duvidei do talento do diretor, roteirista e ator Nanni Moretti, embora considere sua vaidade prejudicial a maioria de seus filmes. Mas não desta vez, em que Moretti dá a Margherita Buy a oportunidade de interpretar uma versão de si mesmo e brilhar (Meu Deus, como a esqueci na Lista de Melhores Atrizes?). O resultado desta generosidade é o melhor filme italiano em muito tempo, metalinguístico e autobiográfico, com os nervos a flor da pele sem jamais perder contato com a emoção escondida detrás da atitude decidida, mas fragilizada da protagonista. Bem parecido com amor de mãe.
5. Que Horas ela Volta?
Gosto de pensar que o trabalho da diretora Anna Muylaert, que ratifica a posição de destaque do cinema Pernambucano, nasceu datado, porém de uma boa maneira, pois a nossa sociedade tem avançado a passos firmes em direção ao respeito e à dignidade das relações domésticas entre empregada e empregador. É uma crítica social, além de um filme sobre maternidade, ancorada em ótimas performances, em especial a de Regina Casé.
4. Mad Max: Estrada da Fúria
A ópera do caos do diretor George Miller veio para provocar uma revolução no gênero (não é todo dia que isto acontece): apoteótico, frenético, feminista, anticapitalista, antifundamentalista e dotado de combustível inesgotável, a narrativa leva o espectador na garupa (ou melhor, igual ao Tom Hardy na foto) a bordo de uma perseguição pós-apocalíptica incrível em que muita coisa acontece e, graças à excelente direção, nada é perdido de vista ou deixado para trás.
3. A Gangue
Esta produção ucraniana manuseia a linguagem cinemagráfica para reproduzir o universo diegético de uma comunidade de deficientes auditivos que se comunicam através da linguagem de sinais (logo, sabem mais da trama do que a maioria de nós), mas sofrem com a falta de som (o que nos torna testemunhas de eventos brutais que outros não escutam). A cumplicidade entre o espectador e as imagens e a exploração do experimento narrativo até as últimas consequências dão poder e força à violência e monstruosidade.
2. Vício Inerente
Precisa de alguém como Paul Thomas Anderson (‘Magnólia’, ‘Sangue Negro’, ‘O Mestre’) para ensinar, a partir do próprio trabalho, como adaptar um livro: não é repetir a mesma trama com exatidão de eventos e diálogos, mas reimaginar o que havia dentro da cabeça do autor (aqui, Thomas Pynchon) e tentar reproduzir, a sua forma, na narrativa. A multiplicidade de personagens aliado à entropia paranoica e psicodélica permitem pouquíssima imersão na história… e daí quando se tem uma narrativa tão cheia de atitude e de cenas memoráveis como esta?
1. Divertida Mente
Quando da escuridão surgiu a Alegria ao som do piano de Michael Giacchino, bem, todos já poderiam arriscar antecipar que a Pixar havia retornado à excelência por que era conhecida. Uma animação que funciona para as crianças (é colorida, tem personagens inesquecíveis e bastante ação) e para os adultos, mas de formas totalmente diferentes, ao tocar, com os dedos infantis da curiosidade, a sutileza e economia de imagens e a emoção mais pura, nos sentimentos complexos que habitam dentro de nossas cabeças. 

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